Concorrente brasileiro a uma das cinco vagas da disputa ao Oscar de filme estrangeiro, "Última parada 174", de Bruno Barreto, remonta a tragédia do dia 12 de junho de 2000, no Rio de Janeir
o.
Na ocasião, o sequestrador, Sandro do Nascimento, manteve reféns num ônibus durante várias horas.
Ao final do dia, a última refém, Geisa Gonçalves, de 27 anos, acabou morta.
Segundo o inquérito da polícia na época o seqüestrador foi assassinado na viatura, depois de rendido pelos policiais que o prederam.
Com a parceria do experiente roteirista Bráulio Montovani, que participou de outras produções como "Cidade de Deus", "Tropa de elite" e "Linha de Passe", Barreto constrói uma história ficcional, transformando em dois os protagonistas do drama, usando jovens atores selecionados em testes junto à várias comunidades cariocas.
Uma série de acontecimentos trágicos define a vida de dois meninos, Sandro, interpretado por Michel Gomes e Alessandro, vivido por Marcello Melo Júnior. Filho de Marisa, mãe viciada, interpretada pela atriz Chris Vianna, Sandro é levado por traficantes, ainda bebê, como "pagamento" de uma dívida de drogas da mãe.
Depois de expulsa do morro, Marisa reconstrói sua vida, tornando-se evangélica e nunca pára de procurar o filho perdido, que fugiu da casa da tia e cresceu nas ruas. Neste ambiente, ele conheceu Alessandro, que teve uma vida parecida com a sua, mas tornou-se violento.
Os garotos acabam durmindo nos degraus da Igreja da Candelária, de onde escapam de ser mortos num massacre e uma passagem pelas unidades de internação de menores coloca os dois meninos ao alcance de Marisa, que ainda procura o filho.
O encontro da mãe não evita, porém, o seqüestro do ônibus e as mortes do seqüestrador e da refém.
O filme evita atribuir a morte de Sandro aos policiais, o que foi comprovado em inquérito na época.
Quanto as chances do filme conseguir a vaga entre os cinco candidatos ao Oscar ainda são incertas e o anúncio só deverá ser feito no início de 2009.
Dayana Lourenço